proposta prática desenvolvida para o grupo Interações Estéticas do Mac Usp:
escrever um conto
para ilustrar esquematicamente.
Era um menino transgênico,
nasceu do ar da cidade, 20 % mais tóxico
do que o esperado. Toda sua geração seria assim, as próximas se diferenciariam
em outras linhagens, ainda hoje imprevistas, posto que esta história foi mais
tarde descontinuada.
A atmosfera em que
nasceu o compunha, definia-lhe os contornos e lhe dava volume... Animava-o,
inflando-o e movendo-o. Seu tamanho variava, tanto quanto sua forma e a imagem que
dele os outros tomavam.
Entretanto tinha dentro
de si um fantasma dotado de imensa gana para manter-se em estado fixo.
"Pessoa"
era o nome que tinham dado a esta imagem que um profissional contratado incutiu-lhe
na cabeça, entre os olhos, prometendo que lhe resolveria a questão, pra ele até
então indiferente, das expressões faciais.
Uma espécie de processo
autônomo de manifestação asignificante que lhe concentraria a consciência do
lado de fora corpo, destinando-a a mente alheia.
Ocupado em
responder pela origem das dinâmicas faciais acabou por encolher-se do mundo
para dentro de um eu.
"Eu" era
um termo usado tanto em tempos arcaicos quanto em seu período histórico para
que o processo de dissolução somática fosse evitado, ou simplesmente retardado,
por reflexos semantizados de consciências ainda individualizadas.
Por sorte não
durou muito, posto que esta história em tudo o ultrapassou...